terça-feira, 16 de junho de 2015

A propósito da escandeleira dos pasteis de bacalhau com queijo da serra

Gosto de ambos e até sou capaz de os comer na mesma altura, mas a D. Maria de Lurdes Modesto tem a sua razão, rechear um pastel de bacalhau com queijo será um bocado demais.Atenção, eu estou a falar de pasteis de bacalhau, ou como por cá se chamam: bolinhos de bacalhau, que levam efetivamente bacalhau, porque se forem as versões batata mais batata esqueçam lá isso.

Mas esta não é a única invenção estapafurdia que tenho assitido nos ultimos anos. De facto esta nova geração de cozinheiros - vulgo chefs - têm a mania de serem muito originais e de inventarem pratos aos quais dão preferencialmente nomes estrangeirados e de tal maneira incompreensiveis que ninguém diria que está a comer um bife com batatas fritas e um molho de vinho do Porto. Misturam ingredientes tão improváveis como este exemplo na vã tentativa de fazerem novas criações deliciosas - mas que ao ler a descrição das receitas eu só posso pensar "blhec"- servidas em microdoses e que supostamente constituem uma refeição (às vezes nem para entrada daria quanto mais como prato principal). 

A mania de importar receitas do estrangeiro assim como ingredientes exóticos revela mais uma vez o quanto português é pequenino na sua forma de pensar. Estamos todos fartinhos de saber que a nossa dieta mediterrânica é das melhores do mundo, então porquê andarmos a imitar outras cozinhas? Porque não mantermos a confeção dos nossos pratos tradicionais sem mais esquisitices. Vocês acham que os estrangeiros gostam de comer cá porque nós cozinhamos como nos países deles? Não eles vêm cá pelas receitas das nossas avós, porque o peixe é fresco e tão variado. Nós é que deveriamos ser imitados pelos outros. 


E o que dizer do facto dos produtos orgânicos livres de pesticidas custarem um dinheirão? Mas se não levam pesticidas não deviam ser mais em conta? Nos pesticidas ainda se gasta algum dinheiro. Ah e tal são de pequenas produções, as terras têm de ter certas e determinadas caracteristicas e isto custa caro. Sabem o que mais? É outra forma de explorar o consumidor final, que paga os olhos da cara por umas cenouras e por uns repolhos para a sopa só porque não têm pesticidas. 

E não vou deixar escapar a mania das sementes, mas que raio esta gente virou toda passarinho? Há sementes para tudo e há malta que as come como se fosse de facto um pássaro. Eu também tenho algumas sementes que utilizo quando faço meu pão ou algum bolo e já experimentei num batido, mas não fiquei fã. 

Há quem se desdobre em mil para gostar e seguir todas estas tendências porque é isso que está em voga. E sabem o que mais? Tenho pena deles! Deve ser uma grande chatice ter de fazer de conta que se adora o batido XPTO que tem de levar tres sementes diferentes e o aipo e a courgete ou a alface, ou o jaquinzinho todo aperaltado, sim é mesmo no singular porque só se pode comer um, dois ou mais é coisa de pobre. Devem andar todos a passar uma fome negra e no fundo o que eles queriam mesmo eram uns "pasteizinhos" de bacalhau e um copinho de branco

Ora tomem lá seus peraltas. 









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