No passado Sábado à noite estava eu em modo: quase a adormecer no sofá, sem sequer conseguir mudar de canal, quando me apercebi que a televisão estava no canal 1 (coisa rara muito rara lá por casa) e estava a dar uma mini-série com o Rui Mendes e em que ele estava a contar a parábola que veio dar origem ao dito popular: "filho és pai serás, assim como fizeres assim o acharás".
"Um dia um filho levou o seu velho pai ao alto de uma montanha com a intenção de lá o deixar ficar a morrer.
Filho: Pai fica aqui com esta manta.
O pai ao aperceber-se da intenção do filho pergunta-lhe? - Tens aí uma faca?
O filho estranhando o pedido pergunta por sua vez ao pai: - Para que precisa de uma faca?
Ao que o pai lhe responde: Para cortar esta manta em dois pedaços e entregar-te o teu. Porque filho és pai serás assim como fizeres assim acharás."
Já ouvi esta frase algumas vezes e confesso que aos meus ouvidos sempre me soou a uma maldição. Se calhar por isso acordei a meio da noite com este estribilho na cabeça e ali fiquei a remoer naquelas palavras.
De facto assistimos cada vez mais ao abandono de idosos em hospitais, em lares, sozinhos em suas casas porque filhos, ou familiares não podem ou não os querem ajudar e nem sequer têm tempo para os visitar. Uma realidade bem triste esta: cria-se um filho, dá-se-lhe tudo e no fim da vida recebe-se este tratamento, é terrível.
Mas e os filhos que são abandonados? E nem sequer falo dos casos de abandono à nascença, falo daqueles que são deixados por pais que só pensam em carreiras e no dinheiro, que assim justificam as suas ausências das vidas dos filhos. Aqueles que se tornam filhos de pais separados que muitas vezes são um fardo para um e para o para outro que saiu e não mais se interessou. Que pais podem ser estes filhos? Por mero acaso da sorte até pode ser que as coisas corram bem, mas muitas vezes seguem-se os mesmos exemplos errados e assim se cria mais uma geração de filhos perdidos e desligados dos seus pais.
Se olharmos à nossa volta e até mesmo para a nossa família, o que vemos? Quantos casos conhecemos de abandono de idosos e de filhos?
Seria mesmo bom que todos nós começassemos a repensar o conceito de família e entendermos que só no seio de famílias bem estruturadas poderemos criar seres humanos felizes equilibrados e construtores de um futuro para todos melhor. (ok não pensem que isto é uma frase bonita, lá por casa trabalha-se neste sentido com todos quantos querem colaborar...)
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