Celebram-se hoje 12 anos sobre um trágico acontecimento, um marco na história deste século XXI: o ataque ao World Trade Center em Nova Iorque, o ataque ao Pentágono e o avião que se despenhou em Washington.
Lembro-me perfeitamente de ouvir a noticia na rádio e de vir para a sala e assistir incrédula àquelas imagens do avião a embater na torre e de passar a tarde a assistir aos outros ataques e só pensava: isto não pode estar a acontecer mesmo, como é que foi possível estes ataques dentro dos Estados Unidos, que até então me pareciam inatacáveis. Durante aquela semana senti muitas vezes que estava a viver um sonho, mau muito mau mesmo. Nas semanas seguintes fui entendendo que tudo tinha mudado, que já nada voltaria a ser como antes daquela manhã.
Porque é que se matam inocentes em nome de uma religião, seja ela qual for, é uma daquelas coisas que por muito que viva e leia sobre não consigo encaixar. Se todas as grandes religiões contêm nos seus principios um apelo à paz, como vão eles meter-se em guerras e tantos outros ataques que destroem vidas. Certo que a sede de poder, a ganância e os interesses politicos e financeiros andam de mãos dadas, mas mesmo assim o fanatismo religioso afigura-se como sendo apenas mais um pretexto para homens desiquilibrados cometerem actos bárbaros e alimentarem os seus desejos sanguinários. Um pretexto antagónico aos designios do deus em nome do qual matam.
Um outro pensamento na altura era a de que estava a viver um importante acontecimento histórico e aí compreendi o que sentiam os meus pais que, ainda que indirectamente expericiaram a II Grande Guerra. Para mim os relatos deles eram história e às vezes pensava: mas porque é que foi tão importante para eles se não se passou cá? A experiência de ter vivido o 11 de Setembro deu-me essa explicação: sente-se na pele o sofrimento extremo de outros seres humanos que apesar de nunca os termos conhecido entram na nossa vida de forma trágica e só nos resta respeitar a memória dos que aí pereceram ou foram vitimas indirectas.
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