Ontem estivemos a dar uma espreitadela no enredo da nova novela Belmonte e quando a minha mãe se apercebeu que há um filho que mandou assassinar o pai saiu-se logo com esta:
- Ai que horror usam sempre estas coisas nas telenovelas, ainda bem que na realidade não é assim.
Ficou tudo a olhar para ela e eu lá lhe respondi:
- Olha que na realidade é também assim.
- Ai filha mas não é tanto assim, ai a maioria dos filhos não anda aí a matar os pais.
- Pois não, comparado com a Roma Antiga e com a Idade Média o panorama está um bocado melhor. Nessa altura é que eles gostavam de andar envenar-se uns aos outros, a cortar cabeças e a arranjar guerras por qualquer niquice.
A minha mãe adora o politicamente correcto e tudo que assim não seja não devia sequer ser sabido. O meu passatempo é mesmo tentar desconstruir o mundo certinho em que se refugia e que a faz andar constantemente numa fuga para a frente tentando assim evitar as situações desagradaveis com que vai deparando, mas depois quando o inevitável acontece vai-se abaixo porque as ilusões são só isso ilusões.
É interessante esta outra faceta da ligação mãe-filha. Quando a filha se torna adulta e passa a ser mãe olha a sua própria com outros olhos, se calhar pela primeira vez olha-a como um ser humano e não como uma super-heroína e percebe as falhas, os erros, os lados menos bons e é aí que toma uma de duas decisões: fechar os olhos e fingir que não vê nada ou tentar ajudar um pouco. Optei pela segunda que é mais de acordo comigo.
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